sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Primavera


Começa a graciosa valsa das feras
os olhares lascivos se encontram
troncos vermelhos cobertos por heras
no leito onde os trovões estrondam

O desabrochar ao primeiro toque
entregando o perfume das flores
seiva bruta que na pele escorre
aquecendo em um milhão de cores

Gemidos que na terra germinam
arranhando as pedras ao passar o rio
onde as folhas despojam

Na fonte rubra jorra a semente
em silêncio a floresta enternece
terminado a dança concupiscente


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Tóxico


Sou um isótopo radioativo
Constante nas minhas inconstâncias
Uma explosão, um delírio
Um mártir dos céus descabidos
Conflagrando as próprias chamas

Rasgando o firmamento em dois
Com um rastro vermelho de raiva
Frio ainda que quente sois
Sendo, agora e depois
Em nébula aurora paira

Desapareço em antagônica flecha
Envenenando em raios gama
Trincando a terra em brecha
Escapo, fluído, em flores.