quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

O Baile



Eu não quero prender você. Não irei te conduzir nesta dança da vida se você já sabe conduzir a vida inteira. Talvez eu esteja 3 mil anos atrasado pra esse ritmo avançado em que você consegue mexer os pés. Eu sou apegado, só danço lento e apertado, quase tão junto que não dá pra respirar. As vezes danço sozinho também, com as mãos para cima e um ritmo desengonçado, meio tristonho e melancólico mas de certa forma bonito. Se tentar dançar no teu ritmo eu tenho medo de tropeçar e arrebentar meus joelhos, incapaz de dançar qualquer ensejo.

  Você dança livre como um pássaro. Eu também danço livre, como um pêndulo, pesado, pra lá e para cá. Meu ritmo é certo, velho e combinado. Se eu tentar seus passos eu me perco, caio, me machuco. Eu não vou parar de dançar, mas não vou te prender ao estar. E espero que me perdoe, pois também não vou deixar você me encarcerar.

  Onde você pode enxergar meu dançar pesado e poeirento, eu enxergo meus pássaros e meu decolar. Pode lhe parecer triste como se sua liberdade dependesse do parceiro de dança, porém acredite em mim: eu só dançarei pra valer com a morte. Então não se preocupe pois ficarei bem, dançarei sozinho por um tempo, esquisito e torto, muito belo também, ao meu jeito. Fique bem e dance sempre por ai, dance sem mim mas dance. Nunca pare de dançar.

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