sábado, 11 de junho de 2011

kitsch


Era uma vez, um casarão, com paredes antigas, onde ostentavam com saudosismo velhas fotografias de tempos inglórios, em uma parede, o mofo espalhava-se acima da lareira, que mais parecia uma ponta de cigarro velha e queimada. Duas poltronas outrora escarlates, de tão antigas, encontravam-se numa cor que beirava o vinho e a ameixa, o azedume e a doçura. No teto, um lustre empoeirado, aranhas tecendo teias, e algumas traças distraídas. No meio da escuridão da sala, em uma podridão fétida e nauseabunda, pequenos mamíferos orelhudos disputavam o que sobrou do lugar, a decadência. Uma mancha vermelha e escura, estendia-se pelo chão até a cozinha antiga, onde panelas enormes perderam o brilho há séculos, e talheres retorcidos, estavam negros, pela oxidação do tempo. No andar de cima, tapetes rasgados, cortinas velhas e sujas, camas desforradas e espelhos quebrados, milhões de anos de azar. Aos fundos, a lua tecia em belos linhos de ceda negra, uma noite escura e misteriosa, que desabava como um lençol por sobre a casa abandonada, onde as estrelas cantavam, para ninar, um casarão quase adormecido.